terça-feira, 1 de abril de 2008

Quando o céu plúmbeo e baixo pesa como tampaSobre o espírito exposto aos tédios e aos açoites,E, ungindo toda a curva do horizonte, estampaUm dia mais escuro e triste do que as noites;
ca
Quando a terra se torna em calabouço horrendo,Onde a Esperança, qual morcego espavorido,As asas tímidas nos muros vai batendoE a cabeça roçando o teto apodrecido;
ca
Quando a chuva, a escorrer as tranças fugidias,Imita as grades de uma lúgubre cadeia,E a muda multidão das aranhas sombriasEstende em nosso cérebro uma espessa teia,
ca
Os sinos dobram, de repente, furibundosE lançam contra o céu um uivo horripilante,Como os espíritos sem pátria e vagabundosQue se põem a gemer com voz recalcitrante.
ca
¾ Sem musica ou tambor, desfila lentamenteEm minha alma uma esguia e fúnebre carreta;Chora a Esperança, e a Angústia, atroz e prepotente,Enterra-me no crânio uma bandeira preta.

Nenhum comentário: